Víctor Marí é professor de comunicação e sua relação com as tecnologias na Universidade de Cádis, Espanha. Nos inícios de 2022 achegou-se a Braga para colaborar numa Universidade da região. Se na mala não trazia o desejo de escrever um diário, este foi-lhe nascendo junto aos pés da estátua de Frei João d’Ascensão, o Santo Fradinho do Carmo (1787 – 1861), que se encontra à entrada daquela igreja conventual.
Poucos dias após da sua chegada passou a viver na hospedaria daquele convento e ali foi escrevendo O Meu Diário no Carmo do Fradinho. Escrito segundo as regras diarísticas este é uma declaração sobre a extensão e a profundidade da sua alma ferida e restaurada, o testemunho do seu percurso e do seu compromisso de fé, tanto pessoal como familiar, e um libelo contra o sistema universitário e o capitalismo em geral.
Sem prejuízo de outras, O Diário tem pelo menos duas chaves de leitura: a sua impactante relação pessoal com a figura do Fradinho do Carmo, um místico exposto à intempérie, e a urgência de que alguém acolha o seu testamento espiritual.
De notar que o encontro com o Fradinho sucedeu depois de ter passado por uma situação de vida ou de morte que o levou a submeter-se a uma operação de risco, e que o fez pensar se aquela seria a sua Hora!
Este é, pois, um testamento espiritual escrito num momento de crise, a que sempre surge ao meio da vida.
Este é ainda o livro um, de três.