A mística é o espaço do padecimento, para escutar o que Deus diz de si mesmo. Só Deus fala bem de si próprio, porque se mostra ausentando-se, se diz não se dizendo, se dá no seu ser não dado, logo só quem se silencia é que escuta como é dito, se contempla como é dado e serve como é servido pelo Mistério Absoluto. Só o místico sabe da dor de falar e não encontrar os meios apropriados para dizer o que padeceu. É um Job da experiência de Deus. Diante da magistral obra teresiana, experimentamo-nos como aprendizes, na tentativa de dizer o Outro e, se muitas vezes a tentação foi do silêncio pela árdua tarefa de calar para ouvir aquele que se diz ausentando-se, falamos guiados pela mãe espiritual, Teresa de Jesus. Fizemos de cada transgressão ao silêncio uma recuperação da nossa procura maior de escutar como somos ditos. Esta é uma das experiências maiores dos místicos, a necessidade de comunicar o padecido, que se faz em borbotão em Santa Teresa e um magistério ao serviço das suas noviças e irmãs de procura.